RIO - O desembargador Paulo Espírito Santo, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), revogou nesta quarta-feira decisão do também desembargador Ivan Athié, que havia convertido a prisão preventiva do ex-dono da Delta Fernando Cavendish e do bicheiro Carlinhos Cachoeira em domiciliar. Athié se declarou suspeito ontem para atuar no caso, e a reapreciação do caso coube ao desembagador Espírito Santo. Com a decisão do magistrado, volta a valer ordem do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, e os réus ficarão presos em Bangu 8, no Complexo de Gericinó.
A decisão de Athié para que os detidos na Operação Saqueador fossem para a domiciliar ocorreu na sexta-feira passada, mas eles continuaram presos porque não havia tornozeleiras eletrônicas no estado. Com a nova decisão, Cavendish, Cachoeira e outros três detidos continuarão na cadeia, mesmo que sejam disponibilizadas as tornozeleiras eletrônicas. A defesa do ex-dono da Delta já tinha recorrido ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que Cavendish fosse para casa sem o equipamento.
O desembargador Ivan Athié declarou-se suspeito para atuar nos casos que envolvem o ex-dono da Delta, aceitando pedido feito pela procuradora regional da República Monica de Ré. Como O GLOBO mostrou na edição de terça-feira, o desembargador já foi defendido pelo mesmo escritório de advocacia que atua em favor do empresário.
Paulo Espírito Santo, que preside a 1ª Turma Especializada do TRF-2, atendeu liminarmente a um pedido do Ministério Público Federal (MPF). Em sua decisão, o magistrado afirmou que há provas de materialidade e indícios suficientes de autoria dos crimes denunciados, para justificar a prisão preventiva. Presos em Bangu 8, os presos seguiram as regras do sistema penitenciário e tiveram os cabelos raspados.
A defesa de Cavendish disse que não se manifestaria a respeito da decisão do desembargador Paulo Espírito Santo, mas informou que "tomará as providências judiciais para reverter a ilegalidade da decretação da prisão".
"Nada justifica a adoção desta medida extrema. Durante o inquérito policial, que tramita há mais de três anos, Fernando Cavendish sempre atendeu às solicitações da autoridade policial, e assim continuará a fazer, no âmbito do processo judicial”, diz a nota.
O GLOBO não conseguiu contato com as defesas dos demais presos.
OPERAÇÃO SAQUEADOR
O MPFe a Polícia Federal (PF) deflagraram na última quinta-feira a Operação Saqueador. Foram presos Carlinhos Cachoeira, o empresário Adir Assad e Marcelo Abbud, donos de empresas consideradas fantasmas pelos MPF, e o ex-diretor da Delta no Centro-Oeste e Distrito Federal Cláudio Abreu. No Rio, a polícia não encontrou Cavendish, porque eles estava no exterior. O ex-dono da Delta foi preso quando chegou ao Rio, na madrugada do último sábado.
A Justiça do Rio aceitou denúncia contra Cavendish, Cachoeira, Assad e mais 20 pessoas por envolvimento num esquema de lavagem de verbas públicas federais. A investigação constatou que os envolvidos, "associados em quadrilha", usaram empresas fantasmas para transferir cerca de R$ 370 milhões, obtidos pela Delta direta ou indiretamente, por meio de crimes praticados contra a administração pública, para o pagamento de propina a agentes públicos.
Fonte: O Globo
Fonte: O Globo
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