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Crise: demissão em massa em Macaé


RIO - Conhecida como a Cidade do Petróleo, Macaé, no Norte Fluminense, amarga perdas em receita e empregos em consequência da crise no setor de óleo e gás. Só o segmento offshore já demitiu nove mil pessoas até setembro deste ano, contra cinco mil em todo o ano de 2014, segundo o Sindicato dos Trabalhadores Offshore do Brasil (Sinditob). Duas semanas atrás, fontes próximas à Petrobras informaram haver planos da petroleira de demitir ao menos cinco mil terceirizados da área administrativa.

O efeito da crise chega em ondas a outros setores. A hotelaria viu a ocupação média despencar para pouco mais de 30% ao mês, enquanto as vendas de imóveis recuaram 60%.

A arrecadação da prefeitura caiu quase um terço até julho, frente a igual período do ano passado. A Organização dos Municípios Produtores de Petróleo (Ompetro) estima que os royalties para Macaé devem cair de R$ 576,3 milhões, em 2014, para R$ 357,4 milhões este ano.

— A queda média em geração de receita é de 30%. É a pior crise que enfrentamos nos últimos 25 anos — diz o prefeito Aluízio dos Santos Jr. (PMDB).

AUDITÓRIO PARA HOMOLOGAÇÕES

Segundo Santos, a previsão é que a região que vai de Cabo Frio a Campos dos Goytacazes deve perder R$ 2 bilhões de receitas do petróleo até 2016

Por ora, o remédio é adequar os gastos e preparar a cidade para a retomada, prevista para daqui a dois anos. Em julho, começou a reforma administrativa para economizar R$ 34 milhões por ano, com o corte de 37 órgãos. Foi reduzido o número de cargos comissionados e fixados novos tetos salariais, incluindo redução de 20% nos salários do prefeito e do vice-prefeito.

Para Amaro Luiz da Silva, presidente do Sinditob, o maior desafio é ajudar as empresas que operam na cidade a atravessar a crise preservando os trabalhadores:

— São muitas demissões. Quem tem recursos opta por empreender. Mas quem não tem acaba indo para o mercado informal.

As sucessivas demissões obrigaram o Sinditob a alugar um auditório para homologações. Isso aconteceu quatro vezes este ano:

Silva acredita que recorrer à Justiça é o caminho natural para fornecedores e trabalhadores. O sindicato prepara ação civil pública contra a Schahin, operadora de sondas investigada pela Operação Lava-Jato e que pediu recuperação judicial em abril, reclamando direitos trabalhistas.

— Vamos acionar a Schahin e pôr a Petrobras como corresponsável pelo problema, por afetar trabalhadores de suas contratadas — afirma Silva.

Com menos empregados no setor, a cidade está mais vazia. Na hotelaria, a ocupação média, que era de 80% até dezembro, está em 30% ao mês, diz Marco Aurélio Maia, do Macaé Convention & Visitors Bureau:

— Ao menos oito hotéis fecharam as portas. E outros operam com pavimentos inteiros fechados. Com isso, é preciso dispensar funcionários.

Os restaurantes enfrentam queda de 30% a 40% no movimento. Renato Martins, sócio-proprietário de três estabelecimentos — Ilhote Sul, Luca e Seu Adonias Botequim — lamenta a redução do gasto médio:

— O tíquete médio era de R$ 80. Agora está em R$ 50. Demitimos funcionários e renegociamos salários.

A crise também atingiu o mercado imobiliário. Este ano, vendas e aluguéis recuaram 60%, informa Emerson Mendes, delegado do Conselho Regional de Corretores de Imóveis. Segundo ele, os preços baixaram até 40% e novos projetos estão suspensos.

Fonte: O Globo
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