BRASÍLIA – A Câmara aprovou nesta terça-feira projeto que tipifica os chamados crimes cibernéticos, ou praticados via internet. Incluída às pressas na pauta de votação da Câmara, a proposta foi aprovada em segundos e ainda sob o impacto do caso da atriz Carolina Dieckmann, que teve 36 fotos pessoais vazadas na internet no início do mês. O projeto, de autoria do deputado Paulo Teixeira (PT-SP), altera o Código Penal e torna crime entrar indevidamente em e-mail de terceiro, por exemplo, ou roubar via internet dados pessoas de terceiros. As penas variam conforme o tipo de ação. A pena mínima é de detenção de três anos a um ano, mais multa. Esta pena inicial aumenta de um sexto a um terço, no caso de causar prejuízo econômico à vítima.
O texto ainda penaliza quem divulga dados sigilosos. Outra inovação é caracterizar o crime de falsificação ou clonagem de cartão de crédito ou débito. Neste caso, o crime é equiparado ao já existente crime de falsificação de documento particular e terá pena de reclusão de um a cinco anos, mais multa.
No caso de crimes de acesso de dados sigilosos na internet, o texto diz que é ilegal “devassar dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações, instalar vulnerabilidades ou obter vantagem ilícita”. A pena mínima será de detenção de três meses a um ano, mais multa.
Em casos com o da atriz Carolina Dieckmann, a pena aumenta para seis meses a dois anos, além de multa, podendo ser acrescida de um a dois terços. O projeto considera que a pena será de reclusão de seis meses a dois anos, além de multa, quando da invasão resultar em “obtenção de conteúdo de comunicações eletrônicas privadas, segredos comerciais e industriais, ou informações sigilosas”. Esta penas aumenta de um a dois terços quando essas informações forem divulgadas, comercializadas ou transmitidas a terceiros, como no caso das fotos da atriz.
O deputado Paulo Teixeira disse que o projeto quer coibir crimes como o roubo de dados pessoais e até senhas de banco, via internet.
- O cidadão rouba os dados na internet, as senhas e, a partir daí, comete crimes - disse Paulo Teixeira.
O presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), disse que a medida estava sendo votada por causa do caso da atriz.
- A proposta criminaliza o uso indevido da internet, os famosos crimes cibernéticos. É a penalização dos de quem invadiu os dados de Carolina Dieckmann - disse Marco Maia.
Essas alterações ocorrem no artigo 154 do Código Penal, sendo incluídos os artigos 154-A e 154-B. O projeto agora será analisado pelo Senado, onde deverá sofrer emendas. Neste caso, se for alterado, terá que voltar à Câmara para uma última votação.
Nesta terça-feira, pelo menos cinco das 36 imagens da atriz apareceram no site da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) de São Paulo, no início da noite desta terça-feira. Até o início da noite, quem digitava o endereço da companhia, ligada à Secretaria do Meio Ambiente do governo paulista, era surpreendido pelas fotos.
A polícia informou, também nesta terça-feira, que o adolescente de 16 anos suspeito de ter chantageado Carolina Dieckmann é enteado de um advogado de Bauru, no interior de São Paulo. De acordo com o titular da Delegacia de Repressão Contra Crimes de Internet, Gilson Perdigão, o advogado admitiu aos agentes da DRCI ter tirado o rapaz de casa para que ele não fosse à delegacia prestar depoimento. O menor é suspeito de ter exigido R$ 10 mil para não divulgar as fotos da atriz nua na internet.
Na segunda, a atriz falou pela primeira vez sobre o assunto. Em entrevista exclusiva ao “Jornal Nacional”, da TV Globo, ela disse que espera que seja feita a justiça, e afirmou ainda que nunca pensou em ceder à chantagem dos hackers responsáveis pelo roubo e divulgação das imagens.
Informações de O Globo online
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