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Dez anos sem Leonel Brizola

Rio - Vinte e um de junho. Nesta data, há exatos 10 anos, o Brasil se despediu de um dos maiores líderes políticos de sua história: o ex-governador do Rio de Janeiro Leonel de Moura Brizola. Recordista de votos no estado, morreu relativamente impopular, mas seu legado a cada ano que passa é mais exaltado e celebrado por estudiosos e políticos de todas as correntes, que reconhecem em Brizola as características de um estadista.

“A ideia de educação como agente radical de transformação social, uma bandeira do brizolismo, ficou pelo caminho. Hoje, pensa-se em educação de uma forma técnica, também importante, mas nem perto do que foi com Brizola”, destaca o historiador Luiz Antônio Simas. 

A educação foi, de fato, a principal bandeira de Brizola. Quando governador do Rio Grande do Sul, construiu mais de seis mil escolas, acabando com o analfabetismo no estado. No Rio de Janeiro, foram mais de 500 Cieps, que o povo batizou de Brizolões, o que, para muitos, foi motivo para seus sucessores deixarem o projeto de lado. 

A defesa das instituições democráticas e a luta pela redução da desigualdade social também marcaram a vida do gaúcho que pegou em armas para defender o ex-presidente João Goulart e teve de deixar o país para não ser morto pelos militares em 1964. Só voltou em 1979, mas nos braços do povo.

“Brizola queria fazer também a reforma agrária com Jango para acabar com a miséria no campo e com as favelas na cidade. Foi derrubado por uma burguesia ignorante que não entendeu sua proposta de capitalismo autônomo”, explica o sociólogo Gilberto Vasconcellos, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora. 

Apontado pelo desafetos como responsável pelo aumento da violência no Rio de Janeiro, a tese não encontra acolhida em muitos que estudam o tema. Para Luiz Antônio Simas, até nessa polêmica questão Brizola, que prendeu todos os chefes do narcotráfico da época, esteve à frente do tempo. 



“Se hoje, ainda que timidamente, há um debate sobre os direitos de quem mora na favela, ele começou com Brizola, que foi o primeiro a defender para o favelado o mesmo tratamento dado para quem mora na Vieira Souto”, lembra Simas. 

Herdeiro do nome e dos ideais do avô, Leonel Brizola Neto faz pouco caso das homenagens ao ex-governador feitas pelos pré-candidatos da eleição de outubro. “Para falar em Brizola, tem que ter compromisso com a educação. E nenhum deles tem”, avisa.

A saudade de Leonel Brizola entre os amigos é resumida pela sambista Beth Carvalho, que esteve fiel ao seu lado durante toda a vida. “Só aparece um Brizola de 100 em 100 anos. Com ele, o Brasil seria o país dos Cieps. É um herói nacional, apaixonado pelo povo”, disse Beth.

Fonte: O Dia
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