Por Roberto Barbosa (aqui)
A cidade de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, vive um momento político singular nas últimas duas décadas. É a primeira vez que o município produtor de petróleo vai passar por uma disputa sucessória, em 2016, sem uma oposição com propostas alternativas ao modelo administrativo do governo da prefeita Rosinha Garotinho (PR).
De todos os postulantes que se denominam oposição, a maior parte, já foi governo e no comando do município não seguiu um receituário diferente. O que não chega a ser uma surpresa, já que a maioria desses mesmos postulantes também é fruto da árvore genealógica do ex-governador Anthony Garotinho (PR), marido da atual prefeita. São os passageiros do bonde que saltaram no caminho e passaram a reclamar do desconforto na viagem.
Este é o caso, por exemplo, do ex-prefeito Sérgio Mendes (PPS), que tenta construir a candidatura do atual vereador Rafael Diniz (PPS), um jovem advogado, filho do ex-deputado Sérgio Diniz e neto do ex-prefeito José Carlos Vieira Barbosa. Mendes foi prefeito de 1992 a 1996 e posteriormente, já rompido com Garotinho, colheu um insucesso na tentativa de ser deputado estadual e não conseguiu eleger a esposa, a assistente social, Marivalda Benjamim como vereadora.
Diniz até seria um opositor, mas o seu círculo está conspurcado pelas “galinhas velhas” de administrações recentes que tentam voltar para choco.
O ex-prefeito Arnaldo Vianna (PDT), que tenta superar entraves jurídicos (leia revista VIU!, edição de janeiro), é outro egresso do grupo de Anthony Garotinho, que está oposição. Seria, talvez, o nome mais viável para enfrentar o governo, contudo, não surge como perspectiva de mudança no modelo gerencial.
Seu governo até adotou iniciativas louváveis, como programas de inclusão digital, habitação popular, mas viveu momentos controvertidos em função dos altos investimentos em política de entretenimento, leia-se shows.
A impressão que fica neste ensaio pré-2016 é que as forças políticas locais estão divididas em dois campos: o grupo que está dentro e não quer sair e aquele que está fora e força a porta para entrar.
Mas a estrutura política do grupo de Garotinho se diferencia, por ser hierarquizada e bem organizada, gravitando em torno de sua liderança.
Em função de uma conjuntura econômica que afeta todo o país, especialmente os municípios e estados produtores de petróleo, as finanças municipais enfrentam um momento de crise na arrecadação. Há cortes de terceirizados, retração nos investimentos em infraestrutura e readequação dos programas sociais.
O ano de 2015 tente a ser o momento mais crítico da crise, com expectativas de recuperação em 2016, ano da eleição.
O fator máquina administrativa, mesmo com a queda sazonal de receita, tende a ser um fator de peso na disputa eleitoral. Para o grupo de Anthony Garotinho o grande desafio será encontrar um nome que tenha bom trânsito em todos os setores da sociedade, inclusive sem áreas de atritos com os demais atores no processo sucessório, e que possa agregar alianças em um eventual segundo turno. O caminho, certamente, será buscar um nome que não tenha um recall de derrotas.
Os adversários da máquina estão apostando no envolvimento direto do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) para equilibrar o peso da máquina local. É uma aposta incerta, já que aliados do governador nos 92 municípios do Estado trabalham com a mesma expectativa e Pezão tem grandes problemas administrativos a resolver.
Esta mesma esperança alimentou o sonho dos aliados do então governador Marcello Alencar (PSDB) em 1996. Alencar, no entanto, que disputara uma eleição dois anos antes, tendo Garotinho à época com a força do brizolismo como adversário, encontrou problemas mais imediatos a resolver. O governador foi uma figura completamente ausente naquele processo sucessório, favorecendo a vitória do mesmo Garotinho, que voltara a cidade para reconstruir, à frente da prefeitura, um novo caminho para vencer a sucessão estadual dois anos depois.
A prefeitura ficaria com o vice Arnaldo Vianna, que hoje tenta superar as barreiras jurídicas para buscar um retorno triunfal. O grande problema, no entanto, será fazer Pezão entrar no jogo, convencendo-o que Campos é muito mais do que um microcosmo em sua constelação de problemas.
Enquanto os grupos se digladiam, cresce a olhos vistos a fatia do voto sem dono. É o voto da classe média, insatisfeita, que faz aumentar a cada eleição o índice de votos nulos e abstenções, ou procura abrigo em candidaturas que emergem como símbolos de protesto, como foi o caso da professora Odete (PC do B), em 2008 e Makhoul Moussalem (PT), na eleição extemporânea de 2006.
Ambos, em eleições posteriores, tentaram respectivamente uma vaga na Alerj e na Câmara Federal e não obtiveram sucesso. Prova de que cada eleição é uma eleição e para 2016, com todos os percalços, a máquina local ainda pode fazer a diferença.
1 comentários:
NÃO PODEMOS NUNCA E JAMAIS PERMITIR QUE ESSE CORRUPTO DO ARNALDO PEGUE ESSA PREFEFEITURA DE VOLTA , POIS SE Ñ A CIDADE VAI CAIR DE NOVO NO BURACO E ENRIQUECER MUITA GENTE PARADA EM CASA COMO DA OUTRA VEZ FORA ARNALDOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!
Postar um comentário