Nos dois últimos meses, 21 médicos - a terça parte do quadro total - foram demitidos da Unidade de Pronto Atendimento (UPA/Campos). Até meados de maio, cinco clínicos gerais se revezavam a cada plantão 24 horas. Desde o último dia 10 são apenas três profissionais. O mesmo aconteceu entre os pediatras: de quatro por plantão, agora são apenas três.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, a diminuição do quadro de profissionais, a qual eles chamam de "readequação", aconteceu para atender ao edital de contratação da Organização Social, que administra a unidade junto à secretaria, e prevê a contração de seis médicos por plantão de 24 horas nas UPAs, que atendem em média 300 pacientes por dia.
Médicos que continuam atuando na UPA/Campos e não quiseram se identificar por medo de represálias, contaram que com a redução do número de profissionais, a qualidade do atendimento prestado deve ser duramente comprometida.
Pacientes à espera de atendimento
Um dos profissionais da unidade desabafou. "Mesmo que fiquemos 24 horas ininterruptas atendendo à população não daremos conta. Afinal, são dois consultórios que funcionam simultaneamente e ainda outras duas salas de pacientes graves e gravíssimos. São quatro salas e três médicos. Não temos, sequer, condições de manter um em cada sala o plantão inteiro, mesmo que nos privemos de comer e de ir ao banheiro ao menos uma vez".
Quem usufrui do serviço já notou a diferença. A dona de casa Maria Lúcia Silva disse que o tempo de espera aumentou muito depois das demissões. "Não dá para comparar a UPA que temos hoje com a que tínhamos quando foi inaugurada. Antes eu vinha aqui e não ficava mais de 20 minutos à espera de atendimento, porque tinham sempre dois médicos nos consultórios. Hoje, na maioria das vezes, tem só um médico atendendo e dezenas de pessoas aguardando atendimento. As coisas mudaram e para pior", revelou Maria.
"Readequação" feita através do Governo
Segundo a Assessoria de Imprensa da Secretaria Estadual de Saúde, a UPA/Campos realiza, em média, 304 atendimentos por dia. Isso significa que com a "readequação" feita pelo governo, os dois médicos nos consultórios atenderão a 152 pacientes num intervalo de 24 horas. O terceiro ficará incumbido de atender a todos os pacientes internados nas salas amarela - que recebe aquele em estado grave, mas que não dependem de respiração mecânica - e os da sala vermelha, em sua maioria, entubados.
Ainda de acordo com a assessoria, "esse quantitativo é o previsto para todas as unidades cuja média de atendimentos seja 300 usuários por dia, como forma de manter a qualidade dos serviços prestados".
Ainda através de nota, a assessoria informou que "as unidades de saúde da rede estadual seguem públicas, gratuitas e integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS).
O Diário
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