Pesquisar este blog

Cid provoca Cunha, irrita deputados e incendeia o plenário

Ministro da Educação Cid Gomes discursa na tribuna da Câmara - 18/03/2015


Depois de causar irritação entre os parlamentares ao afirmar que a Câmara tinha "400, 300 deputados achadores", o ministro da Educação, Cid Gomes, compareceu à Casa nesta quarta-feira para dar explicações sobre a declaração, feita em visita à Universidade Federal do Pará, no fim de fevereiro. A expectativa era que ele fosse recuar da afirmativa. Mas Gomes fez exatamente o contrário: reforçou o que disse por ter "a possibilidade de fazer o uso livre da manifestação das suas opiniões" e voltou-se diretamente ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para chamá-lo de achacador.

Gomes iniciou o discurso exaltando as políticas nacionais de educação e programas federais que dão acesso às universidades. Depois de meia hora, tratou do motivo de sua presença: "Eu fui acusado de ser mal-educado. O ministro da Educação é mal educado", afirmou, fazendo referência à declaração de Eduardo Cunha, dada logo após articular pela convocação de Gomes. E continuou, apontando para o chefe da Câmara: "Eu prefiro ser acusado por ele do que ser como ele, acusado de achaque, que é o que diz a manchete da Folha de S.Paulo", continuou o ministro da Educação, aumentando a confusão em plenário.

Antes, quando ensaiava um pedido de desculpas, Cid Gomes afirmou que sempre teve respeito pelo Parlamento. Mas cutucou: ""Isso não quer dizer que eu concorde com a postura de alguns, de vários, de muitos que mesmo estando no governo, com seus partidos participando no governo, tenham uma postura de oportunismo", disse, acrescentando que os aliados que votam contra o Palácio do Planalto deveriam "largar o osso" e "sair do governo".

Em seguida, seguiu com um discurso que culminou numa reação multipartidária pelo seu pedido de demissão: "Eu não tenho nenhum problema em pedir perdão para aqueles que não agem dessa forma. Desculpem-me, não foi minha intenção agredir ninguém individualmente, muito menos a instituição. O que penso é que nós conquistamos com a democracia a possibilidade de fazer uso livre da manifestação das opiniões. E me perdoe se isso fere alguém, se alguém traz para si essa carapuça ou se enxerga nessa posição."

Em meio à gritaria do plenário, o líder do PMDB e braço-direito de Cunha, Leonardo Picciani (RJ) assumiu o microfone para reclamar da fala de Gomes "Apesar de uma extensa vida política, o ministro esqueceu as regras de convivência democrática, desrespeitou o parlamento brasileiro, e de forma sem consistência, aponta o dedo, faz acusações, mas não diz o crime e não dá os nomes. É muito fácil fazer críticas levianas e não ter consequências", disse o peemedebista. "O ministro perdeu a condição de exercer o cargo. Nós cobraremos do governo que se posicione e diga aos ministros que respeitem o parlamento brasileiro. Não reconheço autoridade em vossa excelência para criticar o Parlamento", continuou Picciani.

A reação do líder do PMDB aponta outra crise entre o governo e o partido. A bancada do partido e sobretudo o presidente da Casa, Eduardo Cunha, pressionarão pela demissão imediata do ministro. Se resistir, Dilma terá dificuldades em recompor a já fragilizada base na Câmara e dificilmente aprovará as medidas do ajuste fiscal. Se aceitar, a chefe do Executivo terá sido forçada a alterar sua equipe menos de três meses após montá-la. Não há solução que seja boa para o governo.

Veja. com
    Blogger Comente
    Facebook Comente

0 comentários: