O Jornal Nacional teve acesso a depoimentos dos ex-executivos da construtora Andrade Gutierrez investigados na Operação Lava Jato. Nas delações homologadas pelo Supremo Tribunal Federal, eles revelaram o pagamento de propina ao ex-governador do Rio Sérgio Cabral, do PMDB.
Também são citados o ex-secretário de governo do Rio Wilson Carlos, o empresário Fernando Cavendish, dono da construtora Delta; o ex-diretor comercial da Andrade Gutierrez Alberto Quintaes; e também Carlos Miranda, apontado nas delações como operador de Sérgio Cabral para receber as propinas nas obras do Maracanã.
A reportagem é de Mohâmed Saíg e Paulo Renato Soares.
Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador do Rio. Os ex-executivos contaram aos procuradores que se reuniram no local com Sérgio Cabral para tratar do pagamento de propina.
E que, na maioria das obras, o percentual cobrado pelo então governador era o mesmo.
Reforma do Maracanã: 5% de propina.
Arco Metropolitano: 5%.
Obras de urbanização no conjunto de favelas de Manguinhos: 5%.
As informações estão nas delações de Clóvis Peixoto Primo e Rogério Nora de Sá, ex-executivos da Andrade Gutierrez.
Pelos depoimentos, até nas obras em que não havia dinheiro do estado Sérgio Cabral exigia pagamentos.
Rogério de Sá disse que, numa reunião para cobrar créditos atrasados do governo com a Andrade Gutierrez, o ex-governador pediu propina de 1% sobre as obras de terraplanagem do Comperj, uma das principais obras da Petrobras no Brasil.
Os delatores contaram que Sérgio Cabral avisou que tudo estava acertado com Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, condenado na Lava Jato.
Rogério de Sá procurou então Paulo Roberto, na Petrobras, e ouviu dele: “Tem que honrar”.
Depois disso, o ex-executivo afirmou que a Andrade Gutierrez pagou R$ 2,7 milhões ao então governador.
Segundo Rogério de Sá, quem fez a operação do pagamento usando caixa 2 foi Alberto Quintaes, que era diretor comercial da construtora.
Os ex-executivos contaram aos procuradores que Sérgio Cabral também cobrou propina quando não havia contratos.
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