As ações da OGX, petrolífera do bilionário brasileiro Eike Batista, fecharam em queda de 19,52% nesta quinta-feira, dois dias após o frustrante anúncio de que a empresa produzirá “apenas” 5 mil barris/dia em seus poços de Tubarão Azul, na bacia de Campos. O tombo na bolsa de valores teve consequências imediatas na gestão da empresa. No começo da noite, o conselho de administração divulgou comunicado anunciando a substituição de Paulo Mendonça por Luiz Eduardo Guimarães Carneiro na presidência da OGX. A decisão foi tomada, segundo a companhia, para responder aos desafios de uma "nova fase em que a produção adquire especial importância, sem qualquer prejuízo da continuidade da campanha exploratória".
A troca de comando ainda não foi avaliada pelo mercado, pois o fato relevante foi divulgado após o encerramento dos negócios. Os dois dias de turbulência na Bovespa, contudo, foram intensamente analisados pelos economistas. Segundo o analista Erick Scott, da SLW Corretora, há certo exagero na punição imposta pelos investidores aos papeis da empresa. Isso não significa, contudo, que os prejuízos estão perto do fim. “Se utilizarmos a métrica do valor patrimonial, comparando-a com outras empresas do setor, a OGX ainda pode perder mais”, explica. Segundo Scott, a relação entre o valor de mercado da empresa e o valor patrimonial está em 2,7, enquanto esse quociente para a Petrobras, por exemplo, é de 0,7. “O papel vai ficar pressionado até que a empresa mostre algum tipo de reversão nessa situação”, diz o analista.
Uma reversão deste quadro, no entanto, implica que os investidores voltem a confiar nos prognósticos traçados por Eike Batista para suas empresas “X” – algo que está fora de questão para muitos deles devido a um histórico de informações superdimensionadas ou contraditórias nos últimos tempos. Há cerca de um mês, por exemplo, o presidente da própria OGX, Paulo Mendonça, deixou escapar que a capacidade de um poço da companhia em via de ser explorado não passava de 8 mil barris/dia. Como a última promessa da empresa era de uma produção de 13 mil barris diários, o mercado sentiu-se traído e as ações da petrolífera de Eike despencaram 8% em apenas um dia. Rapidamente, a assessoria de comunicação da empresa tratou de acalmar os ânimos de jornalistas e investidores, afirmando tratar-se de uma informação mal interpretada. “Como já havia um histórico, o anúncio de 5 mil barris/dia foi a gota d’água. Por isso a confiança foi minada”, diz Scott.
Entre quarta e quinta-feira, as ações das empresas de Eike caíram 39,67%, somando perdas de 10,74 bilhões de reais em valor de mercado – reduzindo ainda mais o patrimônio do bilionário brasileiro. Segundo Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), a punição dos investidores aos papéis da petroleira foi exagerada. “Produzir 5 mil barris por dia não é pouco para uma empresa iniciante. É uma quantidade muito alta. O problema é que as promessas foram exageradas também O investidor está agora respondendo com igual exagero na punição”, afirma.
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