"Antes, só brincava com a bicicleta. Hoje, ela é um meio de transporte", diz Amanda Jansen, 14, aluna do 8º ano do CEU (Centro Educacional Unificado) Parque Anhanguera, na zona norte. A frase dela resume o objetivo do projeto Escolas de Bicicleta, que, desde maio, leva alunos da escola para casa (e vice-versa) em bicicletas: preparar ciclistas urbanos para pedalar nos deslocamentos diários.
"Temos de convencer a sociedade de que a bicicleta pode ser rápida, segura e prazerosa", diz Daniel Guth, coordenador do projeto, uma parceria da Secretaria Municipal de Educação com o Instituto Parada Vital.
A preparação da garotada começa com um curso teórico. Nele, há noções de mecânica e orientações de como se portar no trânsito, incluindo regras da faixa de pedestres e a importância de sinalizar as conversões com as mãos.
No fim de um mês de aula, eles são autorizados a fazer o trajeto diário casa-CEU-casa em grupos de 15 a 25 alunos acompanhados por dois monitores.
Os ciclistas saem equipados com capacete e colete refletor, e as bicicletas têm bandeirinha (para cortar fio de pipa), campainha, espelho retrovisor, luzes traseira e dianteira.
Comboio de "bikes"
"No início, o grupo de alunos é uma atração no bairro, as pessoas saem para vê-los. Aos poucos, os motoristas se habituam às bicicletas e dão passagem para o comboio", conta Guth.
No momento, o projeto está em 43 CEUs e no Centro de Convivência Educativa e Cultural de Heliópolis, na região sul, com cerca de 700 adolescentes já nas ruas (e 200 em formação). O objetivo é que, até o fim deste ano, todas as turmas dos 45 CEUs da cidade já estejam participando do projeto, totalizando cerca de 4.600 ciclistas.
Para pedalar, os alunos precisam estudar no ensino fundamental de um dos CEUs da cidade, ter de 12 a 14 anos de idade, o consentimento dos pais e morar na região da ciclorrota de cada bairro, caminho predeterminado do comboio. A escolha da rota prioriza ruas onde há pouca (ou nenhuma) circulação de ônibus, com o mínimo de aclives possíveis e sem grandes avenidas.
A sãopaulo acompanhou a volta para casa de uma turma do CEU Parque Anhanguera, em julho. Antes mesmo de cruzarem o portão, eles pedalam no pátio e dão nomes às "bikes".
O passeio começa com uma dura ladeira. A maioria desce da bicicleta para empurrá-la. Mas ninguém reclama --é visível a animação da garotada.
Depois de tudo pronto, saem em um "cardume" com dois monitores, que têm o papel de fazer sinal para os carros e ajudar quem ainda tem alguma dificuldade com a bicicleta. Se alguém demora mais em uma subida ou descida, o grupo para e espera.
"Mesmo que esses alunos se tornem motoristas no futuro, eles serão sempre ciclistas e terão mais respeito com as bicicletas", diz Daniel Guth.
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