Leandro Mazzini, O Globo
O ano era de 2006. Eu era repórter político no Jornal do Brasil, no Rio, e fui procurado por um cidadão da Baixada Fluminense que tinha documentos nos quais mostrava boletins de urnas adulterados, e a cópia de um inquérito. Investiguei uma semana, acionei a assessoria da Polícia Federal, etc (ele mostrou, mas não deixou ficar com cópias). Havia indícios de fraude. No dia da eleição presidencial, o JB manchetou: 'PF investiga fraude na urna eletrônica'.
Por que digo que havia indícios de fraude?
Dois dias antes da manchete, fui chamado por três delegados à Superintendência da PF no Rio. Numa sala fechada, me disseram que a urna é segura. Mas confirmaram o inquérito e disseram que investigavam, sim, suspeita de fraude.
O problema não é a urna, e sim a totalização dos votos, que supostamente pode ser adulterada por técnicos no TRE ou TSE no momento que em que recebe os discos. Se souber trabalhar bem (evidente, isso significa não ultrapassar numa urna o nº de votantes, em caso de modificação).
Ou seja, eles concentravam as investigações nos técnicos do TRE Rio e do TSE. O disco com a totalização é o foco.
Mas não pude gravar a conversa, e nem falaram em ON (bordão jornalístico para aspas registradas), e nunca mais me atenderam. Opinião pessoal: houve pressão do governo e do TSE, provavelmente, num momento em que a Diebold (fabricante) e o TSE (pioneiro) queriam vender o modelo para o mundo.
Enfim, reparo agora que pipocam nas redes cópias de Boletins de Urnas supostamente adulterados. Segundo mesários (não vi um ainda falar em ON), esses boletins foram impressos antes das 7h da manhã, e muitos discos das urnas já continham 200, 300, até 400 votos registrados para Dilma. Mas cadê as provas, as denúncias registradas?.
No momento em que o ministro-presidente do TSE, Dias Tóffoli, nega o teste prévio das urnas, e se tranca com técnicos de confiança numa sala de apuração da qual só sai com o resultado final para colegas ministros, advogados de partidos e quase uma centena de observadores internacionais (que não observaram nada), eis um cenário suspeito que vai dar muita polêmica ainda.
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