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Entrevista com o deputado Anthony Garotinho


“O resultados das eleições na região, para nós, foi excepcional. Principalmente, porque os treze prefeitos eleitos com o nosso apoio venceram contra ‘as máquinas’ dos respectivos municípios, do Estado e do governo federal”. A declaração é do presidente do Partido da República (PR) no estado do Rio de Janeiro, deputado federal Anthony Garotinho, e resume avaliação que ele faz sobre o que as urnas proporcionaram ao grupo político liderado por ele nas eleições de sete de outubro.

Em entrevista a O Diário, Garotinho fala, também, da possibilidade dele tentar voltar ao governo do estado, através das eleições de 2014, mas deixa claro que, por enquanto, está empenhado em “ser um excelente deputado federal”. O parlamentar ressalta ainda sua preocupação quanto à pressão dos municípios não produtores de petróleo para mudança na regra da distribuição dos royalties. E prevê: “Acho que vamos ter uma guerra na Câmara neste final de ano”.

O Diário – Como o senhor avalia o resultado das últimas eleições em Campos?
Anthony Garotinho – Existem duas maneiras de se analisar o resultado de uma eleição: pelo ponto de vista meramente eleitoral e levando em consideração o resultado político. Nos dois aspectos, a vitória da prefeita Rosinha Garotinho foi excepcional.

OD – E qual é a diferença entre um e outro?
AG – Tenho afirmado, há algum tempo, que a oposição perdeu politicamente, porque não tem um projeto para a cidade – quer apenas combater a família Garotinho. Ora, isso não é projeto político, é pessoal, não tem conteúdo programático, ideológico, coisa alguma; essa é a questão política central. O resultado eleitoral veio naturalmente, em decorrência, como eu já disse, de uma oposição sem projeto, que não aponta um futuro para Campos e seu povo. E, especialmente, graças à gestão marcada pela eficiência, transparência e grandes realizações da prefeita Rosinha.

OD – Já existe alguma articulação para formação próxima executiva da Câmara Municipal?
AG – Não. Acho prematuro discutir qualquer assunto sobre a sucessão na Câmara antes da prefeita definir o perfil que dará ao seu futuro secretariado. Aliás, o resultado para o Legislativo também foi excepcional. Nosso grupo político elegeu dezenove dos 25 vereadores.

OD – E no plano regional?
AG – Na última sexta-feira, reunimos, no sítio do deputado federal Paulo Feijó, treze prefeitos eleitos na região que tiveram nosso apoio. Foi um resultado espetacular, principalmente porque eles venceram as eleições contra as máquinas dos respectivos municípios, do Estado e do governo federal. Isso dá mais valor à vitória.

OD – Afinal, quantos prefeitos o grupo político liderado pelo senhor elegeu nos noventa e dois municípios?
AG – Vinte e sete no primeiro turno e estamos disputando o segundo turno em quatro grandes colégios eleitorais, que são: Volta Redonda, São Gonçalo, Petrópolis e Belford Roxo. Em todos eles, o PR tem candidato a prefeito ou a vice.

OD – Até que ponto o resultado destas eleições fortalece uma possível candidatura do senhor ao governo do estado em 2014?
AG – Acho ainda cedo para fazer essa avaliação, mas tenho convicção de que ninguém é candidato a nada pela simples vontade própria. Estou empenhado, nesse momento, para ser um excelente deputado federal – foi para isso que o povo me deu 700 mil votos. Se no momento oportuno meu nome for lembrado para disputa do governo estadual, pode ter certeza de que estarei pronto.

OD – Por falar em mandato de deputado, como está a questão dos royalties, a proposta de mudança nos critérios para beneficiar também quem não produz petróleo?
AG – Sinceramente, acho que vamos ter uma “guerra” no final deste ano na Câmara dos Deputados. Literalmente, os royalties vão gerar “guerra”. Os municípios não produtores já esperavam ter aprovado esse projeto desde o final do ano passado, mas a mobilização da população fluminense e as articulações que fizemos na Câmara impediram que isso ocorresse. Só que a diferença numérica de parlamentares é gigantesca: Rio de Janeiro e Espírito Santo (que lutam contra a aprovação do projeto) têm 56 de um total de 513. A pressão pela mudança é brutal. Já é um avanço estarmos resistindo vamos continuar lutando.

OD – Mas a presidente Dilma Rousseff garantiu que os municípios produtores não seriam prejudicados. O Senhor não leva a palavra dela em consideração?
AG – Pois é. Avalio como muito estranho e contraditório a presidente ter falado uma coisa e o líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), estar agindo de outra maneira. Quem mais faz pressão para colocar o projeto em votação é ele.

OD – Afinal, que projeto será votado?
AG – Conseguimos negociar com o relator do projeto, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), um texto bem melhor do que aquela “tragédia” que veio do Senado, de autoria do senador Vital do Rêgo (PMDB-PB). Nesse novo texto ficam assegurados aos estados e municípios produtores os mesmos valores recebidos no ano de 2010, calculados em barris de petróleo. É claro que vamos perder alguma coisa, mas, pelo menos, evita a falência. Porém, mesmo assim, iremos ao Supremo Tribunal Federal, porque entendemos que, acabar com o conceito de estados e municípios produtores é inconstitucional.

OD – O senhor acaba de conseguir uma vitória no Supremo Tribunal de Justiça, que vem rolando desde às eleições de 2004, em Campos. Por seis a um, os ministros rejeitaram a acusação do Ministério Público Federal, de compra de votos. O senhor já esperava por esse resultado?
AG - A minha consciência já me absolvia, mas faltava a Justiça colocar um ponto final em injustiça contra alguém que estava sendo penalizado por uma coisa contra à qual sempre se posicionou – a compra de votos. Já disse isso e vou repetir: o que o Supremo fez, na verdade, foi desfazer uma “condenação” injusta, imputada por julgamento sumário de parte da imprensa, há cerca de oito anos. O Supremo não só fez justiça, como a decisão dos ministros foi uma resposta que não deixa margem a nenhuma dúvida: ficou provado que sequer havia indícios contra mim, que tudo não passou de ilações do Ministério Público Federal.

Entrevista concedida ao jornal O Diário
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