Do Jornal O Diário
Líder em todas as pesquisas de opinião pública, realizadas até agora, para o Governo do Estado do Rio de Janeiro em 2014, o deputado federal Anthony Garotinho (PR) fala, nessa entrevista, sobre seus planos de pré-candidato e o desejo de voltar ao Palácio Guanabara.
Segundo Garotinho, o senador Lindbergh Farias (PT) não deverá ser candidato, por causa das articulações em nível nacional, com o PMDB, para a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT). Na opinião do líder do PR na Câmara dos Deputados, a polarização, no momento final da campanha, será entre ele "e o candidato da máquina estadual".
Sobre a polêmica que criou, ao apontar posições que estariam ferindo os interesses do Governo e do Brasil, na questão da Medida Provisória dos Portos, Garotinho é taxativo: "tive a coragem de denunciar ao país que deputados de vários partidos estavam sofrendo pressão de grupos econômicos para desfigurar a modernização dos portos brasileiros". E ressalta: "Evitei que o Congresso se tornasse um balcão de negócios".
O Diário (OD) - O senhor está conseguindo compatibilizar seu mandato de deputado federal e uma agenda de pré-candidato ao governo do Estado do Rio?
Anthony Garotinho (AG) - Tem sido difícil. Afinal, sou líder de um bloco partidário com mais de quarenta deputados. Esse fato toma bastante tempo. Mas, na medida do possível, tenho procurado visitar o maior número de cidades em nosso estado, nos finais de semana. Além disso, montei uma boa equipe de coordenadores.
OD - O pré-candidato do PT, senador Lindbergh Farias, fazendo suas caravanas, e o do PMDB, o vice-governador Pezão, distribuindo dinheiro (logicamente que através do governo) a prefeitos e inaugurando obras não estariam ganhando mais espaços que o senhor?
AG - Não é o que as pesquisas têm mostrado. Estou liderando em todas. Outro dia, na Câmara dos Deputados, um parlamentar do PMDB me mostrou cópia de pesquisa interna que o seu partido encomendou. Nela, eu também apareço em 1º lugar, com 34%; o candidato do PT tem 18%; e o vice-governador 12%. Lidero, nessa pesquisa, em todas as regiões do estado, apenas na capital ainda não estou em primeiro, mas por diferença muito pequena.
OD - Por falar em pesquisa, o jornal Folha da Manhã divulgou, sexta-feira, uma pesquisa do Iguape, que teria sido encomendada pela oposição ao senhor e ao governo de Campos, na qual o senhor aparece com mais de 40% em Campos. Como o deputado avalia os números?
AG - A última pesquisa que vi (anterior a essa) sobre o município de Campos, apareço com 62%, o senador Lindbergh 14% e o vice Pezão 4%. Trata-se de uma pesquisa extensa, feita por um instituto sério e que dá ao Governo Rosinha mais de 80% de aprovação. Colocar nomes de pré-candidatos a deputados em uma pesquisa distante das eleições não tem nenhum valor estatístico, pois a eleição majoritária (prefeito, governador e presidente) é bem diferente da proporcional (vereador e deputados). Além disso, existe o fato de que alguns nomes apresentados na pesquisa divulgada pela oposição estão inelegíveis, como é o caso do ex-prefeito Arnaldo Vianna.
OD - O senhor já tem um programa de governo, para o caso de vir realmente disputar a eleição?
AG - O Instituto Republicano, presidido pelo professor Fernando Peregrino, está cuidando desse assunto. Já foram realizados mais de vinte seminários, tratando de temas como as finanças do estado, a situação do funcionalismo público estadual, uma nova política de desenvolvimento econômico e outros temas de grande relevância.
OD - Quem será seu principal adversário?
AG - Eu sinto muito pelo senador Lindbergh, mas ele não deverá ser candidato. O PT tem uma aliança nacional com o PMDB e não irá querer colocar em risco um projeto nacional que envolve a reeleição da presidente Dilma Rousseff por causa de uma situação isolada do Rio de Janeiro. No final das contas, a disputa ficará entre minha candidatura e a da máquina do governo do estado do Rio.
OD - Nos últimos meses, houve uma aproximação maior do seu partido com a presidente Dilma. Isso significa que o senhor poderá apoiá-la na próxima eleição?
AG - O PR voltou ao Ministério dos Transportes e tive uma atuação importante nessa articulação. Na Medida Provisória (MP) dos Portos, defendi o texto original da presidente a ponto de provocar a ira dos que queriam fazer negócio com a MP. Hoje, na Câmara Federal, tanto o líder do PT, quanto o do governo, têm excelente relacionamento comigo. Porém, está muito distante para se definir um palanque nacional no Rio. Mas não é impossível que seja o de Dilma.
OD - Aliás, na questão da MP dos Portos sua atuação gerou grande polêmica. A que o senhor atribui isso?
AG - A verdade é que tive coragem de denunciar ao país, que deputados de vários partidos estariam sofrendo pressão de grupos econômicos para desfigurar a modernização dos portos brasileiros. Gente grande, gente poderosa estava por trás disso. E é claro, minha posição gerou muita insatisfação. No entanto, minha atitude foi benéfica para o Brasil e para a intenção do governo. Evitei que o Congresso Nacional se tornasse um balcão de negócios.
OD - O senhor não acha que comprou uma briga grande demais contra as Organizações Globo, em um momento que pretende disputar o governo do estado?
AG - A Globo serviu à ditadura militar e seu método de atuação é bastante estranho, se assemelha à chantagem: faz denúncias para tentar manter políticos nas mãos, sob seu cabresto. Não tenho medo da Globo. Sou o único político brasileiro que mantém sigilos fiscal e bancário abertos. Para alguém que está há tanto tempo na vida pública, se eu tivesse feito alguma coisa errada mesmo, meus adversários já teriam me acertado e me aniquilado. Estou aí vivinho, liderando todas as pesquisas na condição de pré-candidato e, podem apostar: se Deus quiser, vou ganhar a eleição para governador.
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