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Como acabar com os pobres de espírito?


Por Carlos Chagas

A Revolução dos Cravos gerou sucessivas turbulências, apesar de ter-se constituído num dos movimentos mais libertários da crônica de Portugal. Extirpada a ditadura salazarista sucederam-se governantes de diversas tendências, até que anos depois tudo se ajeitasse dentro dos parâmetros democráticos. Mas houve um tempo em que o poder foi exercido por um major auto-promovido a brigadeiro, Otelo Saraiva de Carvalho, radicalíssimo em suas concepções políticas.

Certa feita, visitando a Suécia, onde os socialistas governavam com o primeiro-ministro Olav Palme, o dirigente português buscou cativar o anfitrião dizendo que “no meu país a grande meta é acabar com os ricos”. Palme, do alto de sua experiência, retrucou que no seu era o contrário: estava tentando acabar com os pobres...

O episódio se conta a propósito de uma das principais metas da presidente Dilma, de extirpar a pobreza absoluta. Sucessivos programas tem sido desenvolvidos, sendo cedo, ainda, para saber se eficazes. Vale, porém, a intenção.

O diabo é que, apesar dos bons propósitos da presidente, sente-se ter a pobreza diversas faces. A econômico-financeira, objeto de suas preocupações, parece não ser a única a enfrentar. Existe a pobreza de espírito, largamente difundida e cultivada em nossas instituições. 

Tome-se, por exemplo, os partidos políticos. Raras vezes se tem visto carência igual de valores ideológicos. Depois da curta experiência praticada pelo PT, de constituir-se num partido distinto dos demais, com sua ascensão ao poder transformou-se num aglomerado de interesses pessoais e nem sempre acordes com a ética. Igualzinho ao PMDB, ao PP, ao PR, o PTB e outros, sem esquecer a oposição, com PSDB e DEM à frente. Inexiste a menor diferença entre os companheiros e os outros. Com motivos de sobra foram saindo dos quadros petistas os intelectuais, a Igreja e a juventude. No reverso da medalha, agregaram-se à legenda muitos oportunistas, vigaristas e sucedâneos. Senão em maioria, são esses que ditam os rumos do partido outrora criado para ser diferente.

Quem se dedicar à pesquisa a respeito dos candidatos a vereador e a prefeito apresentados pelo PT constatará a ausência quase total de mensagens sociais, econômicas e políticas em suas campanhas. Falta conteúdo doutrinário na busca de votos pela imensa maioria deles. Não se importam em prometer acabar com os pobres. Nem com os ricos. Pretendem, mesmo, ocupar o poder, no caso municipal. E já de olho nas eleições gerais de 2014, com os mesmos objetivos cultivados desde que o Lula tomou posse: satisfazer interesses pessoais.

Quem discordar desse diagnóstico meio cruel que responda: qual o projeto nacional elaborado pelo PT nos últimos anos? Que tipo de país pretendem seus dirigentes? Não vale citar realizações dos governos Lula e Dilma, porque nenhum subsídio os dois receberam do partido. Só pedidos de nomeações, de empregos e de facilidades...

DESESPERO EM ASCENSÃO

Quando faltam dez dias para o início do julgamento dos mensaleiros, sente-se haver desaparecido qualquer sentido de unidade entre os 38 réus. Agora é cada um por si, importando-se todos em escapar do peso da lei, mesmo que às custas do vizinho do lado. A única exceção foi do ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, que em memorial endereçado ao Supremo Tribunal Federal assumiu a culpa de tudo, mesmo negando a existência do mensalão e alegando operação para pagamento de dívidas de campanha. Quanto aos demais, para livrar-se das penas, até gostariam que elas caíssem nos ombros dos outros. É desespero puro, que as intervenções de seus advogados logo demonstrarão.

OU VAI OU RACHA

Está a CPI do Cachoeira de recesso, mas diante de dilema cruel: ou reformula suas atividades e consegue o que não conseguiu até agora, ou seja, dizer a que veio, ou melhor será encerrar suas atividades uma vez reabertos os trabalhos do Congresso. Pouco adianta convocar testemunhas que ficarão caladas. Muito menos promover oitivas de gente sem importância. Investigar as tramóias do contraventor e sua quadrilha exige a atuação de gente qualificada para seguir adiante onde a Polícia Federal parou. Não será por falta de recursos nem por inexistência de estruturas às quais recorrer. Por que não apelar para a Abin?                               


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