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EUA aprovam pílula anti-Aids


Pílula do Truvada, da Gilead Sciences, poderá funcionar como droga contra a infecção do HIV
Foto: Paul Sakuma / AP
RIO - A prevenção da epidemia de Aids entrou numa nova e mais promissora fase ontem, com a aprovação da Truvada pela Administração de Drogas e Alimentos dos EUA (FDA, na sigla em inglês). O remédio já é usado no tratamento de doentes com Aids. Mas se tornou agora o primeiro medicamento a receber aprovação para uso em prevenção. Não é vacina e ainda há questões de segurança em aberto. Por isso, seu uso tem restrições. Por enquanto, o uso da pílula só vale para pessoas que têm companheiros soropositivos ou são expostas ao vírus, como prostitutas.

Originalmente aprovada em 2004, para integrar coquetéis antirretrovirais, a Truvada logo tornou-se a droga mais usada do gênero nos Estados Unidos por sua eficácia. Além disso, ela revelou-se também eficaz na prevenção. Segundo testes realizados pelo laboratório Gilead Sciences e agora corroborados pela FDA, a taxa de infecção em homens homossexuais saudáveis que tomaram a Truvada foi reduzida de 42% a 75%.

A aprovação veio às vésperas da divulgação de um novo relatório do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), prevista para amanhã. O diretor do escritório central do Unaids, Luiz Loures, comemorou, em entrevista ao GLOBO, o pioneirismo da pílula.

— Existem diversas epidemias da Aids: aquela em que a doença é transmitida da mãe para o feto, a por drogas injetáveis, ou por via sexual — lembrou. — Esperamos resolver as duas primeiras nos próximos anos, talvez até 2015. Mas, por via sexual, era impossível, em 2000, dizer que um dia conseguiríamos combatê-la. Agora, podemos dizer que isso é possível. Como não existe uma vacina, vislumbramos uma série de ações, das clássicas, como as camisinhas e as circuncisões na África, à Truvada.

Para aprovar a droga, a FDA revisou resultados de dois grandes ensaios clínicos conduzidos pelo Gilead Sciences. Ambos mostraram a aptidão da Truvada para evitar a infecção pelo HIV. O primeiro envolveu 2.499 homens e mulheres transexuais não-soropositivos que tiveram relações sexuais com homens e estão propensos a desenvolver um comportamento sexual de risco. O perigo de infecção por HIV, entre os medicados com a droga, foi reduzido em 42%, comparado a um placebo (substância inócua).

O segundo teste clínico contou com 4.758 casais heterossexuais, em que apenas um deles era infectado. Nesta pesquisa, os riscos de contaminação dos participantes usuários de Truvada diminuíram 75%. Num primeiro momento, o remédio não poderia ser de uso difundido para que não estimule o surgimento de linhagens mais resistentes do vírus.

Em comunicado, a comissária da FDA Margaret Hamburg definiu a aprovação como uma “importante conquista na luta contra o HIV”. Estima-se que 1,2 milhão de americanos sejam soropositivos, e a conta aumenta em 50 mil pessoas por ano, apesar da grande disponibilidade de estratégias eficazes de proteção. Dos novos casos de infecção, 23% ocorrem em mulheres, e 61% entre homens que tiveram relações homossexuais.

O novo relatório do Unaids deve voltar a elogiar os esforços brasileiros.

— O Brasil não foi pioneiro, mas visionário, ao adotar, antes de todos, o tratamento em larga escala — elogiou Loures. — Adotou-se a estratégia de primeiro tentar controlar a doença, reinserir o soropositivo no trabalho, na escola. E, como um efeito secundário, mas igualmente positivo, ele tem uma possibilidade muito menor de transmitir. Quem trata não transmite.

Fonte: O Globo
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