Suledil: "A oposição precisa se reciclar"

O professor Suledil Bernardino, secretário de governo, concedeu uma entrevista ao jornal O Diário. Leia logo abaixo.

O Diário – Qual são as atribuições do secretário de governo?

Suledil Bernardino – A Secretaria de Governo tem a missão de executar a interface entre o governo e outras secretarias e outras instâncias do poder, bem como atender as demandas da população, dando conhecimento destas a outras pastas. Outra atribuição é servir de canal de interlocução com os vereadores, subsidiando-os e fazendo com que os parlamentares conheçam me-lhor o governo e possam melhor defendê-lo em seu papel na tribuna. Um outro papel da secretaria é o de fazer esse mesmo trabalho junto às entidades da sociedade civil organizada, sindicatos, hospitais, escolas e outras instituições com as quais a prefeitura mantém convênio.

O Diário – Quais as suas expectativas para o segundo mandato da prefeita Rosinha Garotinho? Qual será o legado deixado pela prefeita?

Suledil Bernardino – O segundo mandato de Rosinha vai ser melhor porque lhe permitirá a reestruturação interna da prefeitura, através de concurso público, chamando assessores, técnico contadores e outros profissionais. Nos governos que nos antecederam a prefeitura ficou 10 anos sem publicar balancetes. Os relatórios cujo encaminhamento é exigido pela legislação aos órgãos competentes, mas nunca era cumprido em tempo hábil, o que mostra o grau de desorganização que tivemos que enfrentar. Hoje, todos esses encargos estão rigorosamente em dia. Além de tudo, Rosinha conta com sua experiência da primeira gestão como prefeita. Por mais que ela tenha experiência de ex-secretária de Estado ou ex-governadora, administrar uma cidade é uma gestão que tem peculiaridades diferentes. A segunda gestão de Rosinha será a consolidação do primeiro mandato e permitirá a Campos um salto significativo de desenvolvimento e qualidade de vida.

O Diário – Quais os maiores desafios deste governo? 

Suledil Bernardino – O primeiro governo foi muito bom, tanto que Rosinha venceu a eleição em primeiro turno. O desafio agora é o de manter os atuais índices de aprovação e mantermos os melhores indicadores sociais, sobretudo na Saúde e na Educação. Em 25 de fevereiro, quando do ato de lançamento do programa Morar Feliz, no Teatro Trianon, chegamos a uma marca quando, segundo dados do Tesouro Nacional, por dois anos seguidos, fomos o primeiro município em investimento per capita em 2010 e 2011, sem recursos do PAC, somente com a receita dos royalties do petróleo. Chegamos a marca de R$ 1,5 bilhão em obras físicas. E tudo leva a crer que iremos manter esta posição em 2012, com mais R$ 440 milhões investidos no programa Bairro Legal, mais obras em novas ruas e avenidas. O programa Bairro Legal chegou a Goitacazes, este ano até a Estância da Penha, teremos as obras da Avenida Nazário Pereira Gomes, a Cidade da Criança, no Parque Alzira Vargas, a dotação de serviços de fornecimento de água em locais não contemplados pelo contrato com a Águas do Paraíba; as obras do Centro Histórico, a conclusão da Arthur Bernardes e da RJ-216 até Goitacazes. A previsão é de investimentos de R$ 100 milhões/mês em recursos dos royalties em 2013.

O Diário – Por que o município não recebe obras do PAC? 

Suledil Bernardino – Porque se encontra inadimplente com o governo federal. Já pagamos muita coisa, celebramos vários convênios com o governo, conseguimos limpar o nome da prefeitura em muitas áreas, mas ainda resta uma dívida com a Previdência Social, não sei precisar quanto, mas é a mais pesada, o que impede a parceria. Mas a presidente Dilma Rousseff acaba de editar uma Medida Provisória reabrindo novos prazos para a negociação dessas dívidas, e creio que iremos solucionar o problema com mais facilidade no prazo mais rápido possível.

O Diário – O senhor é um bom observador político das coisas de Campos. A oposição tornou-se minguada, com a desistência de Marcos Bacellar e Ilsan Vianna, bem como a não eleição de Odisséia. Como observa este processo de atrofiamento? 

Suledil Bernardino – A oposição precisa se reciclar. Só esta ausência de reciclagem explica essa fragilidade crescente e a falta de densidade política. Além de tudo, não tem demonstrado capacidade de entender o atual momento político de Campos. A oposição foi poder antes de nós. Eles tiveram a oportunidade de fazer e não fizeram, mas fica combatendo quem faz, o que levou ao seu suicídio político. Como você bem observou, ninguém se reelegeu e outros que tentariam a reeleição desistiram de concorrer.

O Diário – O senhor é apontado como um dos homens de confiança do casal Garotinho, daí sempre ser chamado para missões de elevada responsabilidade sempre que o momento exige. Os que tinham a receber da prefeitura, quando não conseguiam, punham culpa em Suledil de estar “sentado sobre o cofre”, para traduzir seu zelo e vigilância na Secretaria de Controle… 

Suledil Bernardino – A Secretaria de Controle, criada por decreto em 2009, restabeleceu a figura do controle obrigatório de todos os órgãos da prefeitura subordinando a ela suas despesas. Foi a partir deste momento que conseguimos investir R$ 1,5 bilhão em obras estruturantes em quatro anos de governo. Esse é o preço de dizer não, um dos espinhos que o homem público tem que atravessar porque verba pública é como a água de um rio: só passa uma vez; se mal utilizada, não se recupera mais. A Secretaria de Controle é de extrema importância num governo. O ex-prefeito Arnaldo Viana cometeu o erro quando em 2000 foi reeleito e, simplesmente, teve a audácia de extingui-la, transformando-a num departamento da Secretaria de Planejamento, comandada pela senhora Ilsan Viana, sua esposa à época. O resultado foi que em quatro anos ele teve três contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas do Estado, uma delas pela Câmara de Vereadores, por isso tornou-se inelegível. Pagou um preço caro por uma decisão política equivocada.

O Diário – E o atual quadro político, como tem observado, além da reeleição da prefeita e o processo de definhamento da oposição?

Suledil Bernardino – Creio que atual Câmara Municipal tem todas as condições de cumprir uma boa legislatura, com um bom índice de renovação, sob a direção do vereador Edson Batista, um político experiente e bastante responsável. Houve agora o crescimento de cadeiras em cerca de 50%, foram eleitos seis secretários e dois subsecretários, pessoas que adquiriram uma boa visão da administração municipal. Tivemos também uma boa escolha que foi a indicação de Paulo Hirano como líder do governo, um quadro bastante qualificado, homem ligado à Saúde e Educação, que irá desempenhar bem o seu papel. A eleição dessas pessoas também reflete o nível de aprovação do governo..

O Diário – Como foi a consolidação da candidatura do vereador Edson Batista? Há quem atribua ao senhor a iniciativa de um documento de apoio à candidatura do atual presidente… 

Suledil Bernardino – O que houve foi uma definição consensual de um grupo. A candidatura de Edson foi um consenso do nosso grupo, por sua coerência, sua condição de político experiente com vários mandatos. Creio que foi uma decisão acertada, o que pode ser comprovada pela legitimidade da votação unânime que obteve da nossa bancada.

O Diário – Ao fim desses dois mandatos, qual será a marca deixada pelo atual governo?

Suledil Bernardino – Um governo que se preocupa com as pessoas, sobretudo as que mais necessitam de apoio e oportunidades. Em cada obra ou programa que se anuncia ou se conclui neste governo há uma preocupação com pessoas. Pessoas lembram desenvolvimento humano, que se associa a indicadores sociais, que por sua vez são aferidores da qualidade de vida dessas pessoas. O crescimento econômico só é benéfico se incluir pessoas. Esse é o nosso grande desafio quando observamos a quantidade de investimentos que aportam em nossa região. Essas pessoas precisam ser capacitadas, incluídas nesta gama de oportunidades.

O Diário – Como observa o transcurso de um governo com essa marca e as expectativas em relação aos futuros indicadores? 

Suledil Bernardino – A melhora dos indicadores sociais é um trabalho de longo prazo. Em Campos, já evoluímos de uma forma bastante significativa em alguns itens como a mortalidade infantil, que caiu 40% só no período do nosso governo, seguramente em razão das políticas públicas que implementamos, além dos programas de imunização com as vacinas Prevenar, HPV e Hepatite B.

O Diário – Como analisa as perspectivas da maior liderança do grupo político, o deputado federal Anthony Garotinho em seu projeto político?? 

Suledil Bernardino – Ele está trabalhando com o mesma obstinação em seu desafio, que também nosso, o de é ver consolidada sua candidatura ao governo do Estado do Rio de Janeiro. A última eleição mostrou que suas chances de retornar ao Palácio Guanabara são reais, ele tem mantido uma boa aceitação dos prefeitos e lideranças dos municípios do Norte Fluminense e de outras regiões do Estado, o que pode ser comprovada nas últimas eleições. Há espaço para uma candidatura popular no cenário atual do estado do Rio, que se ressente das políticas implantadas por Garotinho e Rosinha, diferente do que se vê hoje com Sérgio Cabral, que se transformou num segundo prefeito da capital, deixando o interior completamente abandonado, de pires nas mãos, sobretudo os municípios que não tem a receita dos royalties do petróleo. O estado do Rio precisa ser reintegrado como um todo.

O Diário – O desenvolvimento de Campos e do Estado passa pelo Garotinho…

Suledil Bernardino – Não há dúvida. O interior ficou mais fortalecido, nossa região vive a uma etapa de crescimento onde os grandes investimentos, como os complexos do Açu e Farol/Barra do Furado, que antes só contemplavam as grandes regiões metropolitanas e aqui irão gerar milhares de empregos, graças a um trabalho de Garotinho e Rosinha quando eram governadores.

O Diário – E Campos, no contexto de uma cidade em franco processo de desenvolvi-mento, como avalia? 

Suledil Bernardino – Campos hoje é a cidade que melhor investe os recursos dos royalties em políticas públicas e obras estruturantes, são dados de entidades como a Firjan e órgãos do governo federal. A cidade se modifica a cada hora, nunca é igual em dois dias seguidos. Sempre há algo acontecendo por força dos investimentos das verbas dos royalties. Acho que estamos dando um exemplo. Os investimentos da prefeitura, por sua vez, criam um bom ambiente para os negócios do setor privado. Hoje, se espalham empresas de fora que investem na cidade em todos os lados. Além da construção civil que vive um boom jamais visto por aqui, cresce o número de lojas das grandes redes, shoppings, empreendimentos do setor hoteleiro que se instalam e outros que ampliam suas unidades, como o setor de supermercados, além de grandes grupos empresariais que erguem as torres de seus edifícios comerciais por toda cidade.