Rio - O Ministério Público Federal (MPF) abriu inquérito para investigar irregularidades na reforma do Maracanã. O que está em xeque é a decisão de demolir a cobertura do estádio, tombado desde 2000. A derrubada foi autorizada pela Superintendência Regional do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), mas, como noticiou ontem o ‘Informe do Dia’, é criticada por profissionais e conselheiros do próprio órgão.
Cariocas e turistas que quiserem guardar fotos de uma das paisagens mais tradicionais da cidade precisam correr, pois a obra para demolir a marquise está prevista para começar já na primeira semana de junho. A tradicional cobertura será substituída por um teto de lona.
O procedimento para apurar a legalidade da demolição da marquise do Maracanã foi instaurado pelo MPF em 16 de abril, após a divulgação da autorização da obra. O procurador do caso, Maurício Andreioulo, acaba de voltar de férias e quer apurar mais detalhes sobre a investigação. Ontem, o deputado federal Otávio Leite (PSDB) enviou ofícios ao Ministério da Cultura e ao Tribunal de Contas da União, questionando a reforma. Ele pergunta se o formato do estádio será preservado.
Segundo o superintendente do Iphan, Carlos Fernando de Souza Leão, a derrubada da cobertura não afeta o tombamento do imóvel. “Estou seguro da decisão. A principal característica do local é ser um estádio de futebol. Existem laudos do governo do estado afirmando que, com a cobertura, ele não estaria pronto para a Copa. É inadmissível pensar em Copa sem o Maracanã”, justifica.
Na tentativa de evitar polêmicas, ele afirma que a decisão não decreta o fim da estrutura: “Se a sociedade perceber que a cobertura atual é importante para a história do estádio nada impede que se reconstrua após a Copa”, sugere.
Os argumentos do superintendente são questionados por outros profissionais como o arquiteto Nestor Goulart Reis Filho, relator do processo de tombamento: “Só existem dois tipos de obras em bens tombados: de restauração e de conservação. De demolição, eu nunca vi”.
Os jogadores de futebol também dividem as opiniões. Romário, ex-jogador da Seleção Brasileira, lamentou a demolição: “Infelizmente, o Maracanã vai ser descaracterizado. É triste para quem viveu a história do estádio”. Por outros, a mudança foi elogiada. Mário Jorge Lobo Zagallo, técnico de futebol, aprovou: “Na vida, a gente vai evoluindo cada vez mais”, avalia.
A informação é do jornal O Dia
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