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Cabral: “Sabe o Amarildo, que sumiu? Antes da UPP sumiam cem Amarildos por mês!”


Do Blog do Josias de Souza 

De passagem pela cidade de Rio das Ostras, o governador fluminense Sérgio Cabral (PMDB) fez um par de comentários curiosos: 1): “Sabe o Amarildo, que sumiu? Antes da UPP sumiam cem Amarildos por mês!”; 2) “Antes de a Rocinha, Vidigal e Alemão serem pacificados era o fuzil, arma do bandido. Hoje é a PM presente, porque nosso governo não fez acordo com bandido. A quem interessa desmoralizar a UPP, a paz e a prosperidade?” A primeira declaração é desrespeitosa. A segunda é falsa.

Pedreiro, pai de seis filhos, Amarildo de Souza, o personagem citado por Cabral, sumiu no dia 14 de julho. Detido para “averiguação”, foi levado pela PM de Cabral para a Unidade de Polícia Pacificadora da Rocinha. As câmeras da UPP registraram sua entrada. A polícia diz ter liberado Amarildo no mesmo dia. Não há imagens disponíveis. Alega-se que, na saída, as câmeras deram defeito.

Há duas semanas, Cabral concedeu uma audiência a dona Elizabete, mulher de Amarildo. Depois, pendurou na internet um vídeo. Na peça, declarou-se “muito impactado”. Soou enfático: “…Vamos encontrar o Amarildo e vamos prender os responsáveis por isso, tenham farda ou não tenham farda. Temos que ter compromisso de respeito às pessoas…”

Ao dizer que antes da UPP sumiam “cem Amarildos por mês”, Cabral insinua que o alarido em torno do desaparecimento do marido de dona Elizabete é coisa de gente interessada em “desmoralizar a UPP, a paz e a prosperidade”. Desrespeito em estado bruto. Levantamento feito pelo UOL, revela que o número de sumiços registrados nas 18 comunidades “pacificadas” entre 2007 e 2012 subiu de 87 para 133 –salto de 52,8%. Quer dizer: para descobrir quem está interessado em desmoralizar as UPPs, Cabral só precisa postar-se diante de um espelho.

De resto, convém ao governador do Rio de Janeiro pacificar o próprio linguajar. Com a língua marchando assim, em ritmo militar, Cabral não despertará nas pessoas senão o desejo de que sua administração -ou o que resta dela- deixe a plateia em paz.
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