No choque entre o mar e o rochedo, quem se dá mal é o marisco. Como sempre.
Hoje de manhã a população do estado do Rio de Janeiro já acordou sete bilhões de reais mais pobre.
E a pobreza só começou. A falência do estado está no horizonte.
Isto porque a Câmara dos Deputados, em plena madrugada, aprovou a emenda Simon, sucedânea da emenda Ibsen, que distribui os royalties do petróleo do pré-sal, das áreas ainda não licitadas e das áreas já licitadas, entre todos os municípios brasileiros.
Isso mesmo. Em flagrante inconstitucionalidade, o deputado e o senador gaúchos não tiveram nenhum pudor em rasgar contratos, violar o pacto federativo, desrespeitar o Art. 20 da Constituição.
Tudo isso para quê? Em nome de quê?
No caso de Ibsen Pinheiro, compreende-se a fúria vingativa do nobre deputado.
Depois de ter sido o todo-poderoso presidente da Câmara, o deputado gaúcho se envolveu no escândalo dos anões do Orçamento e teve seu mandato cassado.
Julgou-se injustiçado, traído e abandonado por seus pares, principalmente pelo PMDB.
Cumpriu a cassação e voltou à Câmara para vingar-se dos caciques peemebedistas.
Quando o acordo em torno dos royalties estava sendo costurado na Câmara, sentiu chegar a hora da vingança.
Campanha eleitoral na porta, apresentou a cada deputado a possibilidade de oferecer aos prefeitos a cornucópia da fortuna: dinheiro fácil e a rodo. E sem ônus.
Beleza. Todos votaram a favor.
O acordo estava destruído. E o deputado estava vingado.
O que não se compreende é a atitude do senador Pedro Simon.
Não só avalizou a insensatez do deputado Ibsen Pinheiro, como aprofundou a inconstitucionalidade.
Resultado: a partir de hoje de manhã estados e municípios produtores de petróleo amanheceram com perdas de mais de dez bilhões de reais.
E por que isso aconteceu nessa madrugada?
Ah, aí é que entra a irresponsabilidade maior da classe política brasileira.
O governador do Rio, Sergio Cabral, reuniu-se com a presidente eleita para confirmar a escolha do secretário de Saúde do Rio, Sergio Cortes, para ministro da Saúde.
Dilma sempre apreciou o trabalho de Sergio Cortes.
Durante a campanha, apropriou-se alegremente das UPAs, as Unidades de Pronto Atendimento instaladas pelo secretário no estado do Rio, declarou que instalaria centenas delas no Brasil inteiro.
Em privado declarava que queria fazer de Sergio Cortes seu ministro.
Pois bem. Tudo acertado, a notícia vazou. E não foi pelo governador. Já estava nos jornais antes de ele dizer alguma coisa.
O PMDB e os partidos aliados fizeram pressão.
E Dilma pipocou.
Declarou que nunca tinha pensado no assunto, que não era sua intenção nomear Sergio Cortes, etc etc etc.
Bobagem.
Sergio Cortes sempre foi o seu escolhido.
Mas ela não agüentou o contravapor que levou dos partidos aliados.
Pipocou. Mau sinal.
Pipocou. Mau sinal.
E para mostrar que não estavam de brincadeira, os partidos aliados aprovaram a emenda Simon.
Um recado para Dilma e um passa-moleque no governador Cabral, que ousou conversar durante três horas com a presidente eleita, quando o vice-presidente Temer não consegue nem meia hora.
Quem pagou o pato? O povo dos estados produtores. Como sempre.
Agora tudo está dependendo do veto do presidente Lula.
Se ele não pipocar.
Análise feita pela colunista Lucia Hippolito
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