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Entrevista com Suledil Bernardino

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Jornal O Diário

Seria exagero dizer que o secretário de Governo, professor Suledil Bernardino, é uma espécie de "eminência parda" dos governos a que serve em Campos. Certo seria afirmar que trata-se do tipo "pau para toda obra", sempre pronto a servir ao grupo político a que pertence. Devido à sua capacidade de lidar com números e memorizá-los com facilidade, costuma alicerçar sua linha de argumentação e raciocínio recorrendo a dados e fatos. Os mesmos dados e números que, em sua avaliação, farão a diferença na confrontação do deputado federal Anthony Garotinho (PR) com os seus adversários na disputa do Palácio Guanabara. Suledil abre a série de entrevistas que O Diário programa, sobre candidaturas ao governo estadual.

O Diário (OD) - Quais os principais trunfos de Garotinho?
Suledil Bernardino (SB) - Vejo que Garotinho tem credibilidade para postular ser novamente governador do Estado do Rio de Janeiro pelo excelente governo que fez. Investiu pesado no desenvolvimento econômico e na educação, pela formação técnica, através da Faetec, investiu no ensino superior com a consolidação da Uenf (Universidade Estadual do Norte Fluminense) e a construção da Uezo (Universidade Estadual da Zona Oeste). Implementou programas sociais de contenção da miséria e proteção social, especialmente os mais jovens, com a implantação do Reservistas pela Paz e o Jovens pela Paz, que atendiam os segmentos mais vulneráveis e assediados por atividades ilícitas como o tráfico de drogas. Criou os restaurantes populares, copiados por outros estados do País, as farmácias populares, também criadas pelo Governo Federal, só que com outro nome, através de convênios com redes de farmácias espalhadas pelo Brasil.

OD - Garotinho começou na liderança das pesquisas, se manteve no topo, mas agora aparece o senador e bispo Marcelo Crivella (PRB) encostando nele nas intenções de voto, além do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), que tem crescido nas pesquisas, e o também senador Lindberg Farias (PT), que tem exibido índices em queda. Uma eleição dura, não?
SB - Eu considero que Pezão ainda crescerá nas pesquisas. Caso cresça o suficiente, haverá 2º turno e a disputa será com Garotinho. Sem dúvida seria uma eleição muito disputada porque Garotinho enfrentaria o poder econômico do atual governador, patrocinado pelo ex-governador Sérgio Cabral, aliados a uma máquina poderosa que conseguiu captar diversos partidos. Mas, por outro lado, isso cria um caldo de cultura favorável a Garotinho, porque o candidato oficial e esses partidos seguramente terão a imagem vinculada ao atual governo, que sofre um visível desgaste comprovado através das pesquisas de opinião. E Garotinho, ao contrário deste governo, saiu do Palácio Guanabara com uma administração muito bem avaliada pela população, com quase 90% de aprovação. 

OD - Mas, Garotinho governou o Estado em 1998. Àquela época, os que irão votar pela 1ª vez este ano estavam com 4 anos... 
SB - É verdade, mas este aparente obstáculo será superado, tenho certeza, pelo testemunho dos pais e avós desses jovens, que viram as obras por todo lado realizadas no Governo Garotinho, inclusive na própria segurança. O Rio de Janeiro foi o primeiro estado do Brasil a não manter presos em delegacias de polícia, mas nas casas de custódias construídas em diversos pontos. Garotinho já provou que é um grande comunicador, um político preparado, cujo discurso atinge do eleitor mais simples ao mais graduado intelectualmente, o que pode ser comprovado no encontro que manteve com reitores das universidades do Estado quando debateu e elencou suas propostas de candidato para enfrentar os problemas do ensino superior, da ciência e tecnologia com a comunidade acadêmica. Acho que Garotinho vai para o 2º turno e com vantagem: por mais que se unam todos para derrotá-lo, terá o mesmo espaço de tempo para debater com o adversário. Aí, irá mostrar à população que é o mais preparado para governar e colocar o Estado no rumo do desenvolvimento com justiça social. 

OD - Há quem aponte que Garotinho é um político que concentra força no interior do Estado. Que as forças da capital se juntarão num 2º turno, caso chegue lá, para vencê-lo na disputa final. Em sua avaliação, esse cenário pode acontecer nestas eleições?
SB - Garotinho provou que, embora seja um político que construiu carreira no interior, a partir de Campos, sua cidade natal, governou para todos quando eleito pela 1ª vez. Tanto que quando se elegeu deputado federal foi o mais bem votado em todas as regiões do Estado, inclusive na capital. Foram inúmeras as realizações na capital e Região Metropolitana, como linhas do metrô, estações de tratamento de esgoto na Estação Alegria, no Centro do Rio, o emissário submarino de Ipanema; os empreendimentos para o Porto de Sepetipa, como a indústria CSA; a construção do polo-petroquímico de Duque de Caxias; a retomada da indústria naval com a abertura dos estaleiros no Rio, Niterói e Angra dos Reis. 

OD - Em Campos, há quem afirme que Garotinho não fez obras pelo município. 
SB - Naturalmente que essas críticas partem dos adversários, mas que não resistem a alguns minutos de observações, análises e números. Garotinho foi o grande articulador para que empreendimentos de grande porte desembarcassem em Campos, como os complexos do Açu e Farol/Barra do Furado, que entraram em operação e se consolidaram no Governo Rosinha. Foi um governador que muito fez, não apenas por Campos, mas todo o interior, quando construiu a Estada Serra-Mar, que liga Friburgo à Região dos Lagos, fez a despoluição da Lagoa de Araruama; viabilizou o polo metal-macânico no Sul Fluminense; trouxe de volta a indústria automobilística para o interior do Estado, com a montadora da Peugeot, em Porto Real; e construiu inúmeras estradas, pontes e casas populares em muitas cidades. Em seu governo, pela 1ª vez na história, o PIB do interior superou o da capital. Todo o conjunto de sua obra o levou a obter esses índices de aceitação logo que saiu do governo, segundo pesquisa do Datafolha. Por tudo isso, creio que o povo do Estado o levará de volta ao Palácio Guanabara.

OD - Qual a participação da prefeita Rosinha na campanha de Garotinho para a disputa do governo estadual?
SB - Rosinha será a principal coordenadora de campanha em Campos e no Norte/Noroeste Fluminense. Acredito que ela possui crédito porque tem sido uma prefeita realizadora de investimentos pesados em obras estruturantes, com programas importantes como o Morar Feliz, o Bairro Legal, levando milhares de moradias, com água potável, rede de esgoto e saneamento básico, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida do povo. Sem contar a construção e expansão das redes de creches e escolas modelo, a recuperação e ampliação de novas avenidas. Ela deu uma nova "cara" a Campos, contribuindo para melhorar a auto-estima da população. Como governadora, trouxe indústrias, como a Schulz, a antiga Celofarm, inaugurou a pedra fundamental do Porto do Açu, e produziu uma lei que leva o seu nome, com a adoção de incentivos fiscais às cidades da Região Serrana ao Norte/Noroeste, a fim de atenuar os impactos dos incentivos federais do vizinho Espírito Santo e propiciar a instalação de empresas na região. Então, Rosinha, por essa folha de serviços prestados, será uma grande coordenadora e emprestará uma grande contribuição à campanha de Garotinho. 

OD - Cabral, Pezão e o próprio prefeito Eduardo Paes costumam exaltar em entrevistas o atual momento do Rio, classificando-o como um ciclo maravilhoso, propício aos grandes negócios e investimentos. Como o senhor avalia esta visão?
SB - Os investimentos na Copa comprometeram a imagem do governo com o escândalo da Delta, afetando um dos principais parceiros de Cabral. Eu acho que esses argumentos não se sustentam no momento em que os números forem confrontados nos debates, principalmente perante os setores mais independentes e lúcidos que compõem a estrutura social e econômica do Estado. Os serviços essenciais não funcionam. Quem mais depende da educação, saúde, transporte e segurança sabe do estou falando. Na segurança, o aumento da violência, sobretudo no interior, Baixada Fluminense e região de Niterói é uma realidade. Campos, como exemplo, tem sido alvo de assaltos constantes à luz do dia, sobretudo no setor do comércio, também com elevadas taxas de homicídio. Só no ano passado foram cerca de 200 pessoas assassinadas. O Rio com Sérgio Cabral virou pó, o que pode ser comprovado pelas manifestações que foram às ruas em 2013, expondo as feridas e mazelas denunciadas por Garotinho, verdadeiramente o único opositor com densidade político-eleitoral a levantar e denunciar todo esse conjunto de desmandos neste governo.

 
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