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Bienal: professor da PUC faz alerta sobre o pré-sal


“O Brasil descobriu a energia certa no século errado”. Essa é a opinião do professor da PUC-RJ e jornalista, pró-graduado em Gestão Ambiental, André Trigueiro, com relação ao Pré-Sal. Trigueiro, que proferiu neste sábado (13) uma palestra sobre biodiversidade e ecologia na Arena Cultural da 6ª Bienal do Livro de Campos, comentou que não dá para abrir mão da exploração do Pré-Sal, afinal 80% da energia que move o mundo vem do petróleo, carvão e gás. Mas, Trigueiro fez um alerta: “O petróleo é uma fonte de energia condenada, ainda nesse século, a perder prestígio. Não seremos dependentes do petróleo no final do século XXI. China, Europa e Estados Unidos investem muito mais em energia limpa, a chamada economia de baixo carbono. Não é preciso mais espremer cana para conseguir o etanol. Com tecnologia, já é possível conseguir etanol de matérias orgânicas como a celulose, folha de árvore, casca de coco e madeira”, informou Trigueiro.

André Trigueiro destacou a importância de se utilizar também as energias eólicas e solares já que as fontes não renováveis vão acabar. O professor Aristides Sofiatti, um dos grandes intelectuais do Brasil da área de meio ambiente, e que também participou do encontro, teve raciocínio coincidente com o de André Trigueiro: “Um exemplo de que estamos ultrapassados com relação à tecnologia é o fato de que o Porto do Açu (São João da Barra-RJ) vai utilizar carvão mineral em sua termelétrica, o que traz uma poluição muito grande”, disse Sofiatti.

Sobre saneamento básico, Trigueiro falou: “O Brasil é o único país do mundo com nome de árvore. Temos o maior estoque de água doce, superficial ou subterrâneo, do planeta. Estamos ultrapassando a Itália em PIB ascendente, mas ainda não sabemos cuidar dos nossos recursos. Temos apenas 30% dos esgotos tratados. 60% dos municípios despejamos lixo em céu aberto e vazadouros clandestinos. Somos uma potência ambiental que virou as costas para algo óbvio, como a diarréia, que é uma doença fácil de tratar”, afirmou Trigueiro.

Sofiatti complementou: “Não quantificamos ainda o que os insetos, as aves dão em produção de alimentos. Quem produz o ar são os microorganismos. A humanidade tem de cuidar da biodiversidade. Temos de debater o consumismo. A sustentabilidade é uma questão corrompida. As pessoas preferem o supérfluo a uma boa alimentação, moradia e educação. Mas a questão não é melhorar a distribuição de renda. O IDH não basta. O IDH não é sustentável ecologicamente”, afiançou Sofiatti.

No debate, mediado pelo jornalista Martinho Santafé, foram abordados ainda temas como a reutilização da água, a separação do lixo reciclável, a educação ambiental, a necessidade de se reduzir o consumo supérfluo e a importância da prática do consumo consciente. Da plateia, vieram perguntas sobre a política para o desenvolvimento sustentável, o que provocou uma crítica por parte dos dois palestrantes com relação ao critério de escolha de ministros para áreas estratégicas do governo federal, como Minas e Energia, Meio Ambiente e Agricultura.

Quanto à estrutura da Bienal, André Trigueiro afirmou ter ficado impressionado: “Eu estou muito impressionado. A estrutura está muito bem montada, aproveitando os pontos cardeais da praça. A organização está ótima e o nível dos convidados muito alto. É de suma importância lembrar para a sociedade que nós só avançamos se nos instruirmos, informarmos e tivermos uma relação de afeto com esse objeto chamado livro”, concluiu Trigueiro, que é apresentador do “Jornal das 10″ e do programa “Cidades e Soluções”, da Globo News e escritor, autor de “Mundo Sustentável”, publicado pela editora Globo.

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